Assetto Corsa Competizione review – Chegada às consolas

Uns furos abaixo da versão PC.

O sacrifício é maior no grafismo e na rodagem até 30fps, porque a simulação transita bem do PC, ainda que haja outras falhas a corrigir.

Assetto Corsa chegou ao PC em 2014 sem que muitos tivessem dado pelas suas particularidades de simulador automóvel. Oriundo de uma produtora de entusiastas italianos – a equipa Kunos Simulazioni -, passou alguns anos ligado a pouco mais do que um nicho de utilizadores ligados aos meandros da simulação. Até que foi lançado nas consolas, algum tempo depois, o que lhe trouxe mais notoriedade e até reforçou a comunidade.

Quando há sensivelmente um ano foi lançada a versão PC de Assetto Corsa Competizione depois de um “early access” via steam, a editora 505 games e a produtora tinham já assinado o contrato para a versão consolas, a derradeira engrenagem motriz. Na prática repetiu-se o esquema do original, desta feita, com a conversão assegurada pela d3t Ltd, uma pequena produtora que apesar do esforço não tem deixado a melhor impressão. Ao invés de uma mudança, tanto a 505 Games como a Kunos Simulazioni optaram pela continuidade e assim o resultado é mais uma vez um desapontamento face à qualidade do produto original.

Convenhamos que desde o original que a Kunos melhorou imenso o seu simulador, entrando para aquele estreito grupo constituído por simuladores vocacionados para pilotos reais que competem habitualmente no virtual. A correr num PC verdadeiramente artilhado e com todo o equipamento desde volante a mudanças e pedais, o jogo é um autêntico desafio a vários níveis. A qualidade visual aumenta o realismo, a sensação de velocidade a 60 fps é grande e todas as sensações em curva são reproduzidas com autenticidade. A versão consolas deste colosso existe, corre e curiosamente não abdica de alguns dos trunfos que elevam ao estatuto de referência no género, mas o sacrifício em prol de máquinas já menos capazes nesta altura do campeonato é evidente.

1A viragem do volante na perspectiva interior pode ser problemática, quando usado o comando.

É uma versão que não só perde graficamente como ainda se acomete a uma série de quebras. Na prática, o jogo corre e até transmite momentos de interesse e alguma qualidade graças à abordagem realista que se mantém ao nível dos danos, desgaste nos pneus e condições atmosféricas, mas um simulador puro como este não está talhado receber cortes na cadência de frame rate, algo de capital importância quando se pretende criar uma sensação de velocidade.

“Um simulador puro como este não está talhado receber cortes na cadência de frame rate”

A 30 fps não há muitas perspectivas favoráveis e o resultado queda-se pelo final da grelha. Poderão dizer que é um desaproveitamento generoso. Talvez, embora a margem de recuperação ainda permita alguma veleidade caso os produtores queiram corrigir a imagem um pouco desastrosa de um lançamento atribulado. Nunca ficará um jogo muito melhor, mas há correcções que podem ser implementadas. Veremos se isso acontece nas próximas semanas.

Um jogo de uma só categoria de competição: os GT3

Enquanto que Assetto Corsa era um jogo de múltiplas categorias de automóveis, Competizione concentra os veículos da categoria GT3, mais concretamente o campeonato oficial GT World Challenge, a competição anteriormente denominada Blancpain GT Series. Além disso, reúne as marcas que competiram durante as temporadas 2018 e 2019, o que equivale a mais de uma dezena de produtoras de automóveis como Ferrari, Nissan, BMW, Audi, Bentley, Porsche, Honda, Jaguar, Mercedes. Daqui resultam 24 veículos. Não se pode afirmar ser este um número auspicioso quando olhamos para outros jogos do género, sobretudo a inexistência de diversidade, já que os carros tendem a entrar na mesma categoria. Porém, quando conduzidos, apresentam significativas diferenças entre si, e explorá-las em condições realistas pode ser muito interessante.

2Corridas à noite e à chuva projectam um novo desafio à condução.

Aos carros e marcas de automóveis juntam-se as pistas, com os seus 11 circuitos, oriundos das temporadas 2018 e 2019 da Blancpain, sendo que mais adiante será disponível através de DLC mais quatro pistas via Intercontinental GT Challenge, com Laguna Seca, Bathurst, Kyalami e Susuka. A condução dos carros pauta-se pela extrema agressividade. São carros rápidos e potentes, capazes de uma boa sensação de tripulação, tanto em poder de aceleração como na travagem. Porque são todos veículos da mesma categoria, existem grandes semelhanças na abordagem, especialmente ao nível da velocidade de ponta, mais fácil de extrair em circuitos marcados por grandes rectas.

“A condução dos carros pauta-se pela extrema agressividade”

O grande desafio passa por tirar o máximo proveito de cada veículo, em encontrar a melhor afinação e o set up mais ajustado às propriedades de condução. Existem atalhos na configuração, se não quiserem verificar parâmetro a parâmetro. Basta seleccionar uma opção e passar para a pista. Assim que seleccionam à corrida, ou fim de semana de prova, podem optar por cumprir todas as sessões de treinos e provas, para um maior realismo, desligando as ajudas. Nesse padrão serão postos à prova e podem sentir na pele como este é um simulador bastante exigente e duro. Mas também pode ser frustrante se optarem por jogar apenas com o comando, o que torna o domínio do carro mais complexo.

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Na perspectiva interior a viragem do volante é mercada por uma série de intermitências que dificultam a navegação. Para jogar com o pad é preferível usar a perspectiva interior sem volante ou a perspectiva de perseguição. A falha desta última opção são as assinaláveis quebras de frame rate, especialmente quando o aglomerado de veículos é maior. É um tanto frustrante nunca conseguir uma condução polida e rápida pois nem os 30 fps são constantes.

Com alguns bugs sonoros e gráficos, sobra uma sensação de desapontamento ver o potencial de um jogo desta dimensão enquanto simulador chegar às consolas com tantos pontos a merecer intervenção urgente. Em modos de jogo é razoável. Não se pode dizer que seja um tipo de experiência generosa. Os eventos sazonais revestem-se de interesse mas o certo é que não há muitas opções a considerar depois de percorrido o campeonato e o modo carreira, assegurando o multiplayer a tradicional competição com outros rivais reais, valendo um valioso código de conduta que pune os infractores. Nas consolas da nova geração, ACC teria plataformas onde poderia brilhar, tal como a versão PC. Nestas versões mostra dificuldade em chegar à frente e parece desperdiçar todo o potencial.

Prós: Contras:
  • Física apurada
  • Licença do GT World Challenge
  • Código de conduta online
  • Sonoridades
  • Falta sensação de velocidade
  • Quebra na qualidade dos visuais
  • Algumas perspectivas injogáveis
  • Escassos modos de jogo
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