The Last of Us da HBO está a deixar de fora os melhores momentos do jogo

The Last of Us é um jogo sobre ciclos de violência e como o ser humano revela a sua verdadeira natureza quando não está mais forçado pela hipocrisia da interação social. Não é um jogo sobre zombies ou violência gratuita, é uma narrativa forte e dramática sobre encontrar raios de esperança quando tudo berra para nos entregarmos ao desespero.

Enquanto peça artística interativa, a Naughty Dog estava forçada a criar gameplay para te manter a jogar e sentir que estás dentro daquele mundo, mas a violência foi entregue de forma credível. A gestão de recursos e inimigos são métodos usados para conduzir o jogador a evitar a violência sempre que possível, mas quando acontece são momentos intensos e que engrandecem a experiência.

Mais do que isso, a violência é usada para expandir o nosso conhecimento das personagens e ajudar a traçar a sua personalidade. Não era o foco, mas parte importante da essência de uma narrativa focada em ciclos de violência. O episódio 6 da série The Last of Us da HBO parece reforçar a sensação que há muito deixou de fazer sentido esta abordagem que de forma tão vincada quer negar a existência de violência neste universo.

De forma alguma é a essência de The Last of Us, mas é parte da sua personalidade e muitos desses momentos ajudaram a consagrar o jogo. A cena com Bill na escola? Removida e perdeu-se um confronto espetacular. Os salteadores e o hotel em Pittsburgh? Adaptado para Kansas e um mini confronto com a resistência. A cena na faculdade de Colorado e a dramática cena em que Joel fica ferido? Resumido a menos de 10 minutos e de uma forma menos convincente.

Este episódio 6 decorre praticamente todo em Jackson e mostra Joel a tentar sarar a sua relação com o irmão Tommy. Ao longo de mais de 30 minutos, as conversas sucedem-se e a as personagens tornam-se no foco como é esperado de The Last of Us. Ellie tem um pequeno vislumbre da vida após cumprir a sua missão, Joel tenta enterrar fantasmas do passado e finalmente revela mais de si, mostra a seu lado vulnerável e o que o incomoda. É um presságio do que está a caminho e que os fãs do jogo já conhecem.

A recriação de Jackson e a expansão da narrativa com a esmagadora maioria de cenas inéditas encaixa bem no propósito da série, mas isso não significa que a violência seja removida por completo. Quando chegamos à faculdade, temos um remake super curto desse momento e o confirmar que a adaptação para série se foca menos em satisfazer quesitos mais importantes num meio interativo.

No entanto, parte do fascínio suscitado pelo jogo está nas peças de ação e na exploração das personagens aos momentos de violência. Remover quase por completo as cenas de ação está a resultar na sensação que parte do jogo não está em The Last of Us da HBO.

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