Star Wars Squadrons Review – O jogo de naves que sempre quiseste

Demorou, mas parece que a EA finalmente descobriu aquilo que os fãs de Star Wars desejam. Depois de dois Star Wars: Battlefront, o segundo melhor do que o primeiro, a EA entregou, graças ao trabalho da Respawn Entertainment, um excelente jogo de acção-aventura com combate Jedi, mas estava a faltar um jogo da mesma qualidade de combate espacial. Star Wars Battlefront 2 já nos tinha dado um “cheirinho” de batalhas com naves espaciais, mas Star Wars Squadrons está simplesmente noutro patamar. Não podemos dizer que é um simulador no mesmo nível que um Microsoft Flight Simulator, mas desengana-te se achas que se trata se um jogo casual em que apenas tens que virar a nave e disparar.

Um kit de unhas para as naves

O estúdio Motive da EA esmerou-se na profundidade da experiência e da jogabilidade. Cada nave tem as suas próprias características, com pontos fracos e pontos fortes que têm de ser equilibrados na selecção do equipamento antes do início das missões de campanha ou das partidas multiplayer. Agrada-me que o jogo não tenha um sistema de progressão baseado por nível, em que quanto maior for o teu nível, melhor é a qualidade do equipamento a que tens acesso. Na selecção de equipamento podes escolher diferentes cascos, misseis, contra-medidas e propulsores, mas cada um tem uma contrapartida. Há mísseis que são extremamente poderosos, mas que demoram muito tempo a bloquear no alvo, enquanto a escolha de um casco pode aumentar os teus escudos mas diminuir a saúde máxima da tua nave. Não existe nenhuma combinação que seja excessivamente poderosa, é uma questão de equilíbrio.

Para um jogo inserido num universo de fantasia, Star Wars Squadrons é surpreendentemente purista na jogabilidade, com uma sensação analógica. Cada nave oferece uma sensação diferente para o piloto – umas são mais ágeis, outras mais pesadas, e há as mais versáteis como a X-Wing – mas existem conceitos transversais a todas. O piloto (tu neste caso) tem que controlar a distribuição de energia da nave em todos os momentos. Podes encaminhar energia para os canhões, para os propulsores e, no caso das naves da república, para os escudos (as naves do Império não têm escudo, respeitando o lore do universo, mas têm outras vantagens para manter o equilíbrio). Basicamente, deves gerir a energia conforme a situação – se estiveres a atacar, é melhor que a maioria da energia seja encaminhada para os canhões, mas se estiveres a fugir, para o escudo e propulsor.

“Star Wars Squadrons é surpreendentemente purista na jogabilidade, com uma sensação analógica”

No papel não parece muito complicado, mas no meio de combates em que tens de atacar, fugir e não ficar perdido no meio do caos, pode ser difícil controlar devidamente a energia da nave. Star Wars Squadrons é um jogo energético, que requer reacções rápidas e uma capacidade de multitasking tremenda. Embora a curva de aprendizagem seja íngreme, é facilmente a melhor representação que existe num videojogo de combates especiais no universo de Star Wars. É perfeitamente possível jogar de rato e teclado ou de comando, mas sinto-me forçado a dizer que a jogabilidade ganha outra dimensão quando jogas num joystick. Para esta review usamos o TCA Sidestick Airbus da Thrustmaster que, apesar de ter sido concebido a pensar em Microsoft Flight Simulator, funciona gloriosamente em Star Wars Squadrons. Além disso, o joystick custa €69,99 – um excelente valor para a relação qualidade / preço.

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Que tal é a campanha?

Em termos estruturais, a campanha de Star Wars Squadrons é composta por 13 missões. Cada missão dura sensivelmente 30 minutos, mas pode durar mais se a tua nave se destruir ou não conseguires cumprir o objectivo. Este é um jogo desafiante, mesmo na dificuldade intermédia, pelo que não deves ficar envergonhado por teres que repetir alguma fase. Dependendo do teu nível de habilidade, a história pode demorar entre 8 a 10 horas, mas há incentivos para repetir. Cada missão tem cinco medalhas para ganhar, sendo que cada uma representa um objectivo (garantidamente, recebes sempre duas, as outras são objectivos adicionais). Se falarmos em acção espacial, com missões empolgantes com objectivos variados e combates épicos, então podemos dizer que o balanço da campanha é bastante positivo.

Todavia, a narrativa não é tão empolgante como as missões. Para ser justo, as oportunidades para a progressão da história e desenvolvimento das personagens são poucas. Antes das missões podemos conversar um pouco com os nossos colegas de esquadrão, seguindo-se o briefing da missão. Depois segues logo para a acção. A perspectiva dos acontecimentos vai rodando entre as forças do Império e da República, e acabas por não criar uma ligação com nenhum dos personagens. Aliás, o problema da história é que não existe nenhuma personagem carismática, forte e apelativa, são todas bastante genéricas. Além disso, a história que Star Wars Squadrons tem para contar é uma mera nota de rodapé no lore da série.

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Multiplayer para puristas

A experiência de Star Wars Squadrons nos modos multiplayer – existem apenas dois modos, Dogfight (5 vs 5) e Fleet Battles (cooperativo) – não é adulterada e permanece pura, sem vantagens para quem investe mais horas. A única vantagem é o nível de habilidade de cada jogador e, num jogo profundo como este, um bom piloto vai simplesmente destruir alguém inexperiente. Todas aquelas acrobacias fantásticas, contra-ataques e emboscadas que viste nos filmes de Star Wars são possíveis aqui, desde que saibas jogar muito bem.

“Sem vantagens para quem investe mais horas. A única vantagem é o nível de habilidade de cada jogador”

O modo Dogfight é o ideal para quem procura medir forças directamente contra outros pilotos, em que a equipa a atingir primeiro 25 eliminações sai vitoriosa. O modo Fleet Battles é mais cinemático e teatral, progredindo por fases e objectivos. Podes jogar em modo cooperativo (equipas de cinco) contra bots controlados pela IA ou contra uma equipa de outros jogadores. Cada partida dura bem mais do que as Dogfights. A abordagem ao multiplayer é definitivamente uma contra tendência, em que o apelo está simplesmente no acto de jogar e na imersão oferecida pela experiência ao invés de requerer que os jogadores invistam muitas horas para desbloquear itens mais poderosos com vantagens para a gameplay.

Uma Galáxia Não Tão Distante

Todos os filmes de Star Wars abrem com a frase “A long time ago in a galaxy far, far away”, remetendo-nos para uma história fantástica, que já sucedeu, impossível de nos envolvermos directamente nela. No entanto, jogos como Star Wars Squadrons realizam a nossa fantasia de estar envolvidos em primeira mão no universo criado por George Lucas. Assim que começamos a jogar, somos transportados para esta galáxia que agora não é assim tão distante, acessível na tua consola ou computador. Pode-se argumentar que este não é o primeiro jogo de Star Wars e que esse efeito já foi alcançado por outros jogos, mas Star Wars Squadrons é aquele que consegue fazer isso com mais intensidade. Se sempre sonhaste em pilotar um Tie Fighter, um X-Wing, um Y-Wing, Interceptor ou outras das pequenas naves deste universo, Star Wars Squadrons leva-te às estrelas em todos os sentidos.

A review de Star Wars Squadrons foi realizada no monitor 49″ CHG90 OLED Super Ultra Wide da Samsung

Prós: Contras:
  • Uma jogabilidade profunda e exigente
  • O melhor jogo de naves do universo Star Wars
  • Cada nave tem uma representação detalhada do cockpit
  • Cenários imersivos graças à elevada qualidade gráfica e design sonoro
  • Missões da história com bons momentos teatrais
  • Multiplayer purista, sem vantagens de progressão
  • Uma história pouco importante no lore de Star Wars
  • Personagens esquecíveis
  • Falta de modos multiplayer
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