My Friend Pedro – Análise – És tu, Deadpool?

My Friend Pedro foi uma bela surpresa – o jogo passou inteiramente por baixo do meu radar mas já se tornou, para mim, numa das maiores surpresas do ano e uma das melhores experiências que passou pelas minhas mãos nos últimos tempos. Nunca pensei que um jogo pudesse estar sob o efeito de uma qualquer substância alucinogénica mas, se tal for de facto possível, My Friend Pedro é o tal.

Tudo neste shooter/jogo de plataformas parece não fazer sentido – mas basta uns escassos minutos em contacto com a obra para facilmente apreendermos o brilhantismo de My Friend Pedro e como todas as suas mecânicas não só funcionam bem de forma individual como se complementam lindamente.

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A forma mais fácil de descrever My Friend Pedro é imaginares um jogo side-scroller do Deadpool.

Usando meras palavras, a forma mais fácil de descrever My Friend Pedro é imaginares um jogo side-scroller do Deadpool. Pode parecer estranho mas é a mais pura das verdades. Irás percorrer uma série de ambientes citadinos e, usando as tuas armas, movimentos de parkour e poderes especiais, terás de derrotar todos os inimigos e/ou armadilhas que possam existir no teu caminho.

Esta combinação de habilidades com as armas disponíveis para a tua personagem possibilitam a criação de momentos absolutamente fascinantes, repletos de adrenalina e dignos de uma qualquer longa-metragem de Hollywood. Para além de poderes saltar de parede em parede, rebolar pelo chão, pendurar-te em cabos e fazer todo o tipo de acrobacias no ar, existem duas mecânicas que, quando combinadas, tornam este jogo uma das experiências mais ricas do ano – a mira dupla e a capacidade de parar o tempo.

Imagina só o cenário seguinte: entras por uma porta e, um pouco mais abaixo da tua localização, vês dois mauzões lado a lado de armas empunhadas, prontos para te atacarem.

O que fazes? Para estilo máximo, o mais divertido é mesmo usar a mira dupla e apontar as duas armas aos dois mauzões, dar uma valente pirueta no ar e usar a câmara lenta para precisão acrescida quando premires os gatilhos. É uma jogabilidade de tal maneira divertida e satisfatória que dei por mim a tentar criar os cenários que proporcionassem o maior caos, violência, sangue e acção over-the-top.

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“É tudo tão fluido, tão bombástico, que acho impossível uma pessoa não se sentir um verdadeiro super-herói.”

Existe ainda uma outra mecânica de extrema importância que te permite fazer uns rodopios e, deste modo, desviar-te das balas – independentemente se estás com os pés no chão, a dar um mortal no ar ou pendurado de cabeça para baixo numa corda. De qualquer das formas, não fiques com ideia de que isto fará o jogo fácil – mesmo optando pelo modo normal do jogo, deparei-me com momentos verdadeiramente difíceis e desafiantes que, certamente, exigirão uma precisão ainda maior caso escolhas um nível de dificuldade superior.

Mas é tudo tão fluido, tão bombástico, completamente “bananas” que acho impossível uma pessoa não se sentir um verdadeiro super-herói ao jogar com esta personagem.

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Como se tudo isso não fosse já o suficiente, o jogo conseguiu surpreender-me em inúmeras ocasiões, pela positiva – em primeiro lugar, My Friend Pedro é bem mais longo do que aquilo que antecipava e, felizmente, existem uma série de cenários distintos e memoráveis por onde irás passar. Os níveis não são propriamente grandes mas existem 40 deles, cada um apresentando algum ambiente / mecânica / inimigo que o distingue do anterior. Existem ainda determinadas fases onde o jogo abandona a sua jogabilidade base e opta por situações ainda mais distintas – dou especial ênfase a um nível inteiramente passado em cima de uma mota, num comboio em movimento ou em queda-livre.

Ainda assim, a parte mais surpreendente prende-se com o facto de, para além de My Friend Pedro ser um shooter fascinante, o jogo possui também secções de platforming verdadeiramente criativas e mais desafiantes do que alguma vez podia imaginar. Plataformas que desaparecem depois de lhes tocares, com lasers, minas, turretas ou jactos de fogos são alguns dos obstáculos com os quais terás de lidar, muitas vezes matando uma série de inimigos pelo meio que te obrigam a fazer um multitasking louco.

Caso desconheças o jogo por completo, coloquei alguns gifs nesta análise que devem dar-te uma ideia mais ou menos concreta daquilo com o qual poderás contar em My Friend Pedro. A parte mais engraçada é que o próprio jogo cria estes gifs e dá-te a oportunidade de os descarregares para o teu PC no fim de cada nível, algo que vi pela primeira vez na minha vida neste videojogo. São o meu best-off.

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“My Friend Pedro possui também secções de platforming verdadeiramente criativas.”

A única crítica mais concreta que tenho a respeito de My Friend Pedro é mesmo a sua narrativa, tão louca e sem sentido como o próprio jogo em si. Irás interpretar um assassino mascarado – não muito diferente do Deadpool, se prestares atenção – e terás a ajuda de uma banana falante chamada Pedro que te vai ajudando e dando indicações à medida que fores progredindo. Existe uma reviravolta caricata no final e ainda uma série de níveis num mundo imaginário (que imagino ser a terra natal da banana) mas, de uma forma geral, a narrativa é algo extremamente secundário e apenas uma desculpa que te motiva a passar de nível para nível, de assassinato a assassinato.

À primeira vista, pode parecer um jogo bastante simples mas fiquei extremamente impressionado, como tenho vindo a dizer ao longo da análise, com a profundidade do gameplay. My Friend Pedro insere-se na perfeição na categoria “fácil de aprender, difícil de dominar” – com algum treino e conhecimento dos níveis, nem imagino as acrobacias do arco da velha que um jogador dedicado conseguirá fazer.

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A única crítica mais concreta que tenho a respeito de My Friend Pedro é mesmo a sua narrativa.

Não existem propriamente muitos conteúdos extra mas, no fim de cada nível, o jogo irá classificar-te e colocar te num ranking consoante a tua prestação – algumas das variáveis contabilizadas são o número de assassinatos, o número de vezes que morreste e até mesmo o tempo que demoraste a completar o nível. Uma melhor classificação é, efectivamente, a única questão que poderá motivar-te a regressar a My Friend Pedro já que não existe qualquer tipo de coleccionável ou segredos para descobrir. Receber a classificação “C de Caca” não é uma mensagem propriamente simpática de ler no fim de um determinado nível…

Mas isto são apenas alguns pequenos problemas num jogo que, em praticamente todos os outros departamentos, faz um trabalho fabuloso. Não me canso de repetir – My Friend Pedro é extremamente divertido e, apesar de ter jogado no PC, imagino que a Switch será também uma óptima opção já que este jogo pode facilmente ser jogado on-the-go. Para além de tudo isto, o equilíbrio entre uma dificuldade desafiante ao ponto de nunca ter sido injusta foi muito bem conseguido. Que mais posso eu pedir? Foi das experiências mais peculiares com as quais me deparei todo o ano, colocando a DeadToast Entertainment em grande força no meu radar.

Prós: Contras:
  • Jogabilidade frenética, louca e repleta de sangue
  • 40 níveis distintos e memoráveis
  • Boa combinação de shooter/plataforma
  • Narrativa pouco empolgante
  • Precisa de incentivos a médio prazo
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