Team Sonic Racing – Análise – Corridas por equipas

Após um hiato prolongado estão de regresso as corridas de monolugares baseadas no universo da série Sonic the Hedgehog, novamente pelas mãos dos veteranos ingleses Sumo Digital, que tão boa impressão têm deixado há mais de uma década. Lembre-se que é o mesmo estúdio dos dois valorosos jogos de corridas ao bom estilo arcade: Sonic & Sega All-Stars Racing (2010) e Sonic & All-Stars Racing Transformed (2012). Num estilo arcade e pontuado por cenários grandiosos, pistas ondulantes, velocidades estonteantes e muitas carambolas, Team Sonic Racing causa boa sensação, não só nas comunidades entusiastas do género arcade racing, como juntos dos fãs de sempre da Sega, a companhia que ainda tem Sonic the Hedgehog como mascote.

7 anos após cumprir o exercício de transformação dos bólides em máquinas capazes de voar e atravessar cursos de água, a palavra de ordem em Team Sonic Racing – pode ler-se no título – passa pela cooperação entre membros de equipa. A Sega quis diferenciar o jogo de Mario Kart, por exemplo, ao apostar na cooperação como forma de terminarem em posições cimeiras, bastando para isso trocar “power ups” e seguir nos trilhos dos colegas de equipa. Naturalmente, o online recolhe peso suplementar nesta tarefa, para não ficarmos dependentes só da inteligência artificial, mas também é possível exercitar este conceito a solo de forma bastante eficaz, sendo suficiente aproveitar a oportunidade para ajudar ou receber apoio dos outros membros da equipa.

Tem andado bem a Sumo Digital enquanto estúdio “third party”. Assistente no desenvolvimento de séries consagradas como Forza (Horizon e Motorsport), é desde Outrun uma produtora capaz de concentrar as atenções no género de corridas arcade, um hábito nas arcadas da Sega (Daytona USA, Scud Race e Sega Rally), embora seja justo referir que o entusiasmo nestas produções não é o mesmo doutros tempos. No entanto, a corrente de jogos da nomenclatura arcade está aí. Evitando um sentido de repetição e desgaste da fórmula, a Sumo Digital incluiu novas opções, alterou as regras e refrescou a componente visual à custa de novas pistas.

1A condução permanece aliciante e fluída, mas a novidade é mesmo o trabalho por equipa.

Em resultado desse redesenho de regras, pistas e evolução do conceito em torno do jogo cooperativo, encontramos uma experiência que partindo dos fundamentais alcança um bom resultado. Se jogaram algum dos dois jogos anteriores, vão notar que o sistema básico, o gameplay, é muito similar. O “drift” é fácil de executar, gratificante e a resposta aos comandos é imediata, com boa sensação de física e excelente velocidade (o jogo atinge 60 fps). Mas as novas regras, nomeadamente os novos “power ups” e o sistema de cooperação que permite através de um toque num colega atascado uma reentrada na corrida, produzem óptimas recuperações, pelo que nem sempre interessa chegar a primeiro e ficar por lá. O melhor mesmo é tirar partido das novas ferramentas.

No lado elementar, começamos pela selecção das personagens, com efeitos ao nível da determinação do carro em três pontos: aceleração, poder e técnica. Há-os mais velozes mas menos fortes e os carros com melhor afinação mas menor velocidade, assim como os veículos equilibrados. Não é um factor que seja pouco relevante. Ao fim de algum tempo passam a escolher o veículo que melhor se adapta à pista e piso. O ponto negativo a destacar no quadro de selecção de personagens é a pouca diversidade de rostos. A Sega falhou ao permitir apenas a presença de personagens da série Sonic the Hedgehog, claramente um desapontamento quando dantes podíamos jogar com mais personagens oriundas de outras séries.

” Se jogaram algum dos dois jogos anteriores, vão notar que o sistema básico, o gameplay, é muito similar”

As corridas podem ser disputadas a “solo” – cada personagem compete por si – ou no sistema por equipas. Neste âmbito é normal levarem mais algum tempo até se sentirem capazes de tirar proveito de todas as regras e confortáveis em assegurar uma jogabilidade eficaz. O jogo opera neste conceito, pelo que mais cedo ou mais tarde acabam por se habituar. Consoante os “power ups” recolhidos poderão conduzir no rastro amarelado do colega de equipa que segue à frente, ganhando um “boost” temporário. Outra hipótese passa por chocar contra um membro da equipa atascado e com falta de velocidade. Um golpe certeiro é suficiente para o recolocar rapidamente a atacar o seu predecessor. Por fim podemos transferir “power ups” directamente para que um membro da equipa possa tirar melhor proveito, desde que o aceite.

2Algumas pistas regressam, em ambientes impressionantes e altamente coloridos, claramente uma marca dos jogos Sonic the Hedgehog. Pena ficarem de fora personagens e carros de outras séries da Sega.

Este esquema acaba por conferir uma especial dinâmica às corridas. Há constantes alterações na classificação e raramente nos damos por vencidos ou vencedores à entrada da última volta. A sorte acaba por ditar o desfecho, já que alguns “power ups” permitem obter mais velocidade, imprescindível para chegar na frente, ou então usar uma bomba que vai neutralizar o adversário à entrada da última curva. Nada de novo, mas quando articulado numa estratégia de equipa é muito diferente A perícia é outro factor a considerar, não particularmente na condução mas na mira e utilização efectiva dos objectos. Ainda sobram os atalhos, por onde podem ganhar mais algum tempo, mas tomem atenção aos obstáculos e zonas desprovidas de separadores, onde é fácil sair de pista e perder drasticamente velocidade.

“é possível melhorar a performance dos carros, adquirindo novas peças ou modificando o conjunto”

Ser primeiro não é crucial. Muitos objectivos só são cumpridos através da pontuação por equipa, pela recolha de anéis, passagem por pontos, etc. É relevante perceber onde estão e como podemos ajudar ou receber ajuda dos membros da equipa. Terminar na frente não é primordial. A inteligência artificial cumpre este papel na perfeição, em alargar o divertimento e conceito aos outros jogadores, mas numa parte mais adiantada do modo Team Adventure – o mais importante – vão ter mais alguma dificuldade em cumprir com os objectivos solicitados.

No entanto, é possível melhorar a performance dos carros, adquirindo novas peças ou modificando o conjunto. As vossas personagens favoritas são beneficiadas pelo processo de personalização, podendo ajustar o ponto que lhes confere mais superioridade de modo a conseguir um carro equilibrado. Isto faz diferença nos desafios específicos. Se jogarem com a mesma personagem é possível que notem melhorias e assim consigam seguir em frente, mudando a configuração do carro. Em adição aos acessórios, pinturas e peças novas, acrescem as caixas de objectos, que mais não são do que pequenos “boosts” disponíveis à partida.

Das 21 pistas disponíveis, algumas regressam de jogos pretéritos. Mas, apesar de algumas repetições, as novas pistas injectam bastante cor, bons traçados e sobretudo um espaço amplo para batalhar. A largura é suficiente para albergar um pelotão inteiro em avanço, dando espaço a quase todo o tipo de manobras. A velocidade extra a partir do “drift” é um toque de habilidade fácil de executar, uma expressão sublime do gatilho que dá prazer por entre as curvas, molas de velocidades, enquanto nos desviamos dos obstáculos e evitamos saídas de pista. A tocar os 60 fps, continua um belo exercício de velocidade e acção, ao melhor estilo arcade Sega, lembrando aqueles clássicos arcade.

“A tocar os 60 fps, continua um belo exercício de velocidade e acção, ao melhor estilo arcade Sega”

Opções de jogo não faltam, tanto offline, como em ligação em rede, a partir da qual podem usufruir do conceito cooperativo com outros jogadores, um ponto sempre aliciante. Entre os elementos menos bem conseguidos, claramente a história no modo aventura, com caixas de diálogo atrozes a justificar pressão obrigatória no botão passar à frente. A redundância de alguns “power ups” também é evidente, como o “Ultimate”, não se percebendo muito bem as condições da sua verificação. A inclusão de personagens apenas da série Sonic the Hedgehog limita as possibilidades de escolha, quando a anterior abertura a outras séries oferecia um leque de personagens bem aliciante, composto pelos veículos especiais.

Mais do que um novo jogo de corridas arcade com o selo Sonic Racing, o importante a sublinhar nesta adaptação é o conceito alicerçado nas corridas por equipas. Não é correr para ser primeiro que interessa, nem para ficar com os louros e pontos máximos da vitória. São os pontos obtidos em conjunto e a cooperação necessária entre os membros da equipa até à passagem pela meta. É um jogo diferente, revelador do bom trabalho da Sumo Digital em injectar algo novo, um efeito capaz de ir para lá do habitual ADN destas experiências arcade. No resto, está óptimo. Merece o vosso tempo.

Prós: Contras:
  • Conceito corrida por equipa
  • Diversidade de pistas
  • Condução arcade
  • Boa sensação de velocidade
  • Poucas personagens/carros
  • Personagens restritas à série Sonic the Hedgehog
  • Algumas pistas foram recicladas
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