BoxBoy + BoxGirl! – Análise – Dois cubos pensam melhor que um

Seria só uma questão de tempo até ao anuncio de um novo jogo da série BoxBoy (2015, 3DS) para a Nintendo Switch. Depois de três jogos lançados na 3DS, dos quais o último Bye-Bye Box Boy (2017) se perfilava como o fecho, eis-nos perante uma nova entrada (depois de uma pausa sabática de dois anos), com novos puzzles, novas opções e uma expansão da família da peculiar personagem. O jogo retoma a estrutura dos anteriores desenvolvimentos para a 3DS. À excepção dos novos puzzles, desafios e alinhamento cooperativo, a composição minimalista “a solo” é muito próxima, assim como a progressão por mundos e o quadro de desbloqueáveis e coleccionáveis.

Para quem tenha jogado e usufruído dos jogos passados, é inevitável uma sensação de revisita, até porque o design e as mecânicas são as mesmas, mas nunca nos sentimos desiludidos quando entramos naqueles níveis curtos e desafiantes, usando mecânicas tão simples de executar como criar pontes e plataformas através do efeito da multiplicação de cubos. Há suficientes alterações à medida que progredimos (as mecânicas evoluem, produzindo desafios mais complexos) e vamo-nos deparando com dispositivos que nos obrigam a pensar diferente sempre que saltamos de mundo, seja através de interruptores como meios de interacção, ou obstáculos que requerem uma abordagem diferente. O jogo é suficientemente elástico, ainda que em boa parte esse conteúdo derive dos jogos anteriores.

Talvez por isso “a solo” seja uma experiência mais comedida, em sintonia com as recentes evoluções na 3DS, e por isso menos apta a surpreender. Não se trata de uma remasterização de níveis. A novidade é suficiente para manter entretido quem tenha jogado previamente, só que não irá encontrar algo de muito diferente. Existem até alguns processos interessantes, alterações à regra e mecânicas que não julgávamos possíveis. Acontece diversidade, mas não é o modo que proporciona uma viragem no esperado deste BoxBoy + Box Girl!

1O modo cooperativo assenta nos mesmos mundos da campanha a solo, mas os níveis foram alterados e adaptados para dois jogadores.

Tal como o título sugere, a presença de uma segunda personagem num modo cooperativo, altera significativamente o modo com que abordamos os puzzles, ainda que no quadro da mesma experiência simples da vertente a solo. É uma opção que além de modificativa se encontra bem implementada. Talvez pudesse ter sido aproveitada mais cedo, mas é bom contar com ela numa consola com a Switch, um sistema compatível para experiências cooperativas. Nesta fase em que duas personagens partilham os mesmos níveis, as regras são ainda mais especiais. À medida que progredimos, encontramos novas formas de aproveitar o sistema de multiplicação dos cubos. As soluções são interessantes, mas nem sempre óbvias, pelo que numa fase mais adiantada é normal gastarmos algumas unidades em pistas que nos abram algum caminho.

A pensar nos solitários, a Nintendo acrescentou uma opção que contempla a transformação da campanha cooperativa numa experiência a solo, mas digamos que não funciona de forma muito célere e eficaz. Passamos do comando de uma personagem para outra e isso produz mais morosidade, já para não referir que duas cabeças pensam melhor que uma. Por fim, há uma terceira campanha, a desbloquear, na qual controlamos Qudy, uma personagem não quadrada mas rectangular, com efeitos ao nível da resolução dos quebra-cabeças, por força da composição especial desta personagem.

À semelhança dos jogos anteriores, voltam a existir uma série de desbloqueáveis, nomeadamente adereços e indumentárias para as personagens. São pequenos detalhes que não mudam as regras do jogo mas oferecem um grau de personalização a salientar. Além disso, vão poder aceder, paralelamente, a uma série de níveis especiais, onde têm que rebentar balões numa espécie de corrida até à meta. Noutro patamar, poderão verificar algumas tiras de banda desenhada, com referências ao estúdio e outros jogos.

Em suma, ainda que mantenha boa parte da estrutura mecânica dos jogos anteriores, BoxBoy + BoxGirl! é suficientemente refrescante graças à sua dimensão cooperativa e incorporação de novos desafios. Este é daqueles jogos que podemos jogar em períodos curtos e breves. A aprendizagem é tão natural e divertida que os que só agora estão a descobrir o jogo não terão problemas em se adaptar. A composição minimalista e equilibrada dos desafios não origina picos de frustração, mas são para cima de duas centenas de níveis. Nalguns vão perder mais tempo a encontrar a solução, mas fica sempre a sensação de um desafio justo, que por 10 euros é uma verdadeira pechincha.

Prós: Contras:
  • 3 campanhas e 270 novos níveis no total
  • Novo modo cooperativo
  • Transformação dos mundos e mudança de habilidades.
  • Sensação de revisita no modo “a solo”
  • Modo cooperativo reaproveita mundos da campanha individual.
  • Sem alterações na estética.
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