Jump Force – Análise – Potencial Desperdiçado

Um jogo delibitado com falta profundidade no combate, gráficos inconsistentes e fraca performance.

Jump Force chegou às lojas a 15 de Fevereiro e ao longo das últimas semanas tenho jogado o mais recente jogo de luta da Bandai Namco para descobrir como, infelizmente, uma saudável ambição não foi devidamente recompensada com uma entrega à altura.

Antes de falar concretamente de Jump Force e da minha desilusão com o jogo, quero só comentar que este parece ser apenas o mais recente jogo numa série de jogos de luta de anime da Bandai Namco que fica aquém do potencial que o material fonte permite. Parece existir uma tendência que sugere que a Bandai Namco deveria focar-se mais na qualidade e não propriamente na quantidade – Jump Force tem um problema com as duas.

Jump Force pega em 40 das mais famosas personagens das páginas das revistas Jump e transporta-os para um novo mundo onde vão colaborar para diversos propósitos. Enquanto os vilões se vão unir para destruir o mundo, com a ajuda de duas personagens originais, os heróis vão-se apoiar para criar uma força especial capaz de impedir o seu plano. Quando falas da junção de mundos como Dragon Ball Z, My Hero Academia, Jojo’s Bizarre Adventure, Hunter X Hunter, Naruto, Saint Seiya, Bleach, One Piece e outras mais. É impossível não ficar entusiasmado.

No entanto, o único vislumbre de brilhantismo em Jump Force está na sua premissa pois a sua execução é medíocre. É estranho imaginar que um jogo com esta premissa e este potencial não seja divertido, mas estás mesmo perante uma experiência que testa a tua paciência. Vamos por partes para tentar explicar como Jump Force é um jogo que poderá, perigosamente, desanimar até o próprio nicho ao qual se destina.

Assim que inicias Jump Force, assistes a uma cinemática que, apesar de ainda não o saberes na altura, é representativa de todas as que surgem depois. Personagens de olhar vidrado, poses estranhas, animações embaraçosas e uma qualidade geral assustadora. Apesar dos personagens exibirem bons detalhes, a maioria dos cenários apresenta de forma visível elementos que parecem pertencer a jogos da anterior geração e criam um resultado altamente inconsistente. Quando entras nos combates, verificarás o mesmo.

Após os diversos loadings – habitua-te pois Jump Force é um jogo repleto de loadings, alguns longos – entras numa das diversas arenas em que decorrem os combates neste confronto entre universos anime. Aqui descobrirás um sistema de combate desprovido de profundidade e que premeia o martelar constante de habilidades – com sorte uma delas quebra frames ou animações e até acertas quando nem deverias.

“Jump Force não é o jogo com os elevados valores de produção que inicialmente parecia ser, apresentando imenso em comum com J-Stars Victory VS+, apenas com melhores gráficos.

Quando o combate termina, passas para o mundo hub onde decorrem as conversas entre os diversos personagens destas incríveis propriedades que são utilizadas aqui. A performance neste lobby, mesmo quando jogas offline, é incrivelmente má, ao ponto de inicialmente causar motion sickness. Neste lobby podes passear, comprar roupas e novas habilidades para equipar no teu personagem original (o meu usa o cabelo e fita do Naruto com as vestes do Vegeta e as sandálias do Luffy), e ainda podes aceitar diversos tipos de missão. As “Key Missions” dão continuidade à história, enquanto as restantes são opcionais e dão-te acesso a diversos extra.

Na tentativa de criar um sistema de combate capaz de servir personagens vindos de diferentes universos, a Spike Chunsoft optou por um gameplay incrivelmente simples que permite a jogadores de diferentes idades desfrutar do jogo. No entanto, falta profundidade a Jump Force e existe uma incrível inconsistência nas suas regras. Podes repetir incessantemente ataques físicos, habilidades e até podes tentar tirar proveito das brechas nos frames e animações para dominar. É um jogo altamente inconsistente e a tentativa de criar um gameplay que serve todo o tipo de jogadores, não foi bem executada. Jump Force tem bons momentos em que tens um breve vislumbre do gameplay frenético, mas na maioria do tempo é um jogo repetitivo e cansativo.

Neste oco martelar de botões que tenta satisfazer todo o tipo de jogadores, para não alienar ninguém, a Spike Chunsoft não permite a Jump Force envergar qualquer tipo de profundidade que possa ser explorada e isto não é divertido. Mesmo as habilidades mais especiais, as “Awakening Transformations” ou “Ultimate Attacks” – que são visualmente espectaculares (os personagens transformam-se, as roupas são destruídas) e recriam momentos épicos destes personagens, acabam por perder rapidamente o fulgor e também parecem tombar perante certos exploits que podes fazer à jogabilidade e animações do jogo.

Longe das cinemáticas embaraçosas ou gráficos inconsistentes, Jump Force parece um jogo de baixo orçamento que foi promovido como um potencial colosso capaz de agradar às multidões. Existem aqui diversos elementos que nos fazem pensar que estás perante um jogo de anterior geração, que levou com uma tinta especial para ganhar novo brilho, mas que ainda assim a tinta acabou antes de pintarem tudo. A vertente online de Jump Force é uma boa maneira de sentires isto.

É terrível jogar Jump Force online pois a experiência que o jogo te proporciona derrota por completo quaisquer intuitos que o gameplay explosivo e frenético poderia ambicionar. Constante lag, comunicação com os servidores que reduz a experiência para uma espécie de filme stop-motion, ocasionalmente poderás ficar a pensar como é que este jogo foi aprovado com estes problemas. Imagina executar um Final Flash espectacular em que Vegeta se transforma em Super Saiyan para aumentar a força, enquanto a acção fica desesperadamente lenta e cheia de quebras. Na maioria do tempo, Jump Force online é isto.

Um incessante despoletar de habilidades cujos frames e animações podem ser usados para não registar golpes ou quebrar combos, Jump Force não é frenético no bom sentido, é exaustivo e aleatório. A Bandai Namco tem imenso trabalho pela frente para melhorar a qualidade do online, mas os exploits nas animações e frames parecem fazer parte do ADN do jogo. Numa era em que a Arc System Works entrega electrizantes e geniais fighters anime como Dragon Ball FighterZ ou BlazBlue: Cross Tag Battle, Jump Force é uma tremenda desilusão. Os jogos não precisam ser todos iguais, não pretendo de forma alguma insinuar isso, mas a Spike Chunsoft precisava fazer muito mais do que apenas melhorar sobre J-Stars Victory VS+, que já tinha uma jogabilidade que já apresentava diversos defeitos e necessitava de atenções.

É difícil olhar para Jump Force sem sentir que tem imenso potencial desperdiçado e que a Bandai Namco continua a falhar com propriedades que mereciam um desenvolvimento mais ambicioso. A Spike Chunsoft conseguiu um jogo que melhora sobre o que fez anteriormente e mostra esforços para dar aos visuais uma maior qualidade, mas não evita mais um jogo lamentável. Se o gameplay frenético até permite alguns momentos divertidos (apesar de incrivelmente básico e repetitivo), as cinemáticas embaraçosas, a terrível performance no lobby e nos combates online, fazem com que seja um jogo que deve ser encarado com reservas mesmo pelo público alvo que se encaixa nesta proposta de nicho.

Prós: Contras:
  • Habilidades Awakening permitem momentos espectaculares
  • Recria de forma autêntica os mais poderosos movimentos e transformações das animes
  • Graficamente medíocre
  • Performance e animações horríveis fora dos combates
  • Sistema de combate caótico e sem profundidade
  • Vertente online lamentavelmente instável
  • A performance no lobby pode tornar-se horrível
  • Falta optimização em quase todas as vertentes do gameplay e funcionalidades

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