Beat Saber – Análise – Uma experiência psicadélica

Lembro-me perfeitamente de ter visto o trailer de Beat Saber na semana pré-E3 e pensar “Bem, este jogo parece mesmo viciante!”. Curiosamente, semanas mais tarde, durante o Eurogamer Portugal Fest, tive a oportunidade de ver algumas pessoas a experimentarem a demo dentro de um pequeno stand e o mesmo pensamento veio novamente ao meu cérebro.

Meses depois, quando finalmente pude jogar Beat Saber com as minhas próprias mãos, pude constatar que tive razão desde o primeiro momento. Este jogo é realmente muito viciante – uma autêntica jornada psicadélica – e vejo-me na obrigação de confessar que, dado o meu empenho e esforço, tenho os meus braços a tremer ligeiramente no momento em que escrevo esta análise.

Beat Saber é realmente muito viciante – uma autêntica jornada psicadélica.

Até porque Beat Saber não é fácil. Nada fácil, mesmo. Deves estar a pensar que é só usares os sabres de luz azul e vermelho que tens em cada mão e cortares os “tijolos” que vêm na tua direcção, seguindo a cor e direcção indicada. Mas é muito mais do que isso. É, na sua génese, um exercício de treino, paciência, concentração, reflexos e repetição. Em termos de dificuldade, a campanha de Beat Saber não é nada misericordiosa, indo do 8 ao 80 em nem meia dúzia de níveis. Se estavas à procura de uma experiência mais sossegada e cometida, a campanha do jogo não é de todo o sítio certo.

Para além de cortares aquilo a que eu mesmo decidi chamar de tijolos, terás também de te desviar de paredes e bombas, numa constante luta contra o tempo em que tens de completar determinados desafios que se vão tornando exponencialmente mais complexos e que testarão os teus reflexos de formas cada vez mais maníacas. Felizmente, destruir estes blocos é algo que sabe mesmo, mesmo bem – uma sensação que consigo apenas equiparar a rebentar aqueles plásticos-bolhas.

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Destruir estes blocos é algo que sabe mesmo, mesmo bem.

Irás deparar-te com níveis em que tens de atingir uma determinada pontuação para que o consigas completar; outros que irão terminar imediatamente caso te escapem ou te enganes num determinado número de “tijolos”; ou, numa jogada ligeiramente sádica por parte da produtora, teres que fazer um determinado número de combos em que as setas direccionais vão desaparecendo à medida que os blocos se aproximam de ti.

Pode parecer tudo muito simples e, de forma conceptual, até é: mas quando te encontras em posição de jogo, o caso muda de figura. Os tijolos vêm na tua direcção em velocidades cada vez mais rápidas ou em quantidades superiores à medida que fores progredindo pela campanha e, caso os teus reflexos quebrem nem que seja por um momento, encontrar-te-ás desnorteado, perderás a noção de qual a cor do sabre que está em cada uma das tuas mãos ou a direcção em que tens de os lançar. Por vezes, pode mesmo ser caótico – mas no bom sentido.

E como se isso não fosse suficiente, receberás mais pontuação mediante a forma como cortas o tijolo. Isto é algo deveras importante que o jogo não explica devidamente: para obteres pontuação máxima por cada corte que faças, não podes fazer apenas um simples movimento horizontal, vertical ou diagonal com os sabres. Cada um destes cortes terá que ser antecedido por um movimento de 90 graus, como se estivesses a desenhar um L à medida que destróis os blocos, e só desta forma poderás obter pontuações grandes o suficiente para completares determinados níveis.

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É impressionante a variedade de objectivos que a Beat Games inseriu no seu jogo.

De qualquer das formas, é impressionante a variedade de objectivos que a Beat Games inseriu no seu jogo tendo sempre como base a mesma fórmula básica, incluindo níveis que te obrigam a mover os teus braços um determinado número de metros ou, no lado inverso da moeda, outros que te impõe um número máximo de metros que podes percorrer com os teus braços. É um daqueles jogos que, dentro do capacete, te faz sentir completamente “badass” mas que, visto de fora, poderá proporcionar momentos bem hilariantes para quem está a assistir.

Claro está, um jogo como este precisa de uma banda sonora frenética – afinal de contas, estás a jogar um jogo chamado Beat Saber com, literalmente, dois sabres de luz nas mãos. Como um Jedi. E, neste campo, o jogo não desilude.

Praticamente todas as músicas presentes no jogo possuem um ritmo frenético e apelativo, altamente influenciadas por dubstep e, como já deves estar à espera, uma grande parte dos “beats” das mesmas coincidem com os cortes que tens de fazer com os sabres, podendo inclusive ajudar-te caso te sintas um pouco perdido. Teria sido interessante completar os níveis ao som de músicas mais populares mas isto é mais uma sugestão do que uma crítica ao jogo – a banda sonora, por si só, já é extremamente estimulante.

Assim sendo, e indo de encontro ao que disse anteriormente, a longevidade de Beat Saber está maioritariamente presente na sua dificuldade. Existe um modo party que poderá ser interessante caso queiras jogar localmente numa festa com os teus amigos onde tens um maior controlo sobre as características dos níveis e que podes manipular da maneira que achares melhor, adequando-os aos teus gostos.

Podes reduzir ou aumentar a velocidade da música, aplicar ou remover o instafail, introduzir ou retirar obstáculos, entre outros. Podes até jogar apenas com um sabre. Tudo isto vem acompanhado de um leaderboard onde, para além de poderes colocar a tua pontuação e a dos teus amigos, podes ainda verificar as pontuações mais altas de jogadores de Beat Saber de todo o mundo.

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É, no entanto, uma pena que não haja um online mais vincado em Beat Saber – seria super divertido combater, competir e interagir directamente contra outros jogadores. Em contrapartida, e pela primeira vez desde que comecei a jogar jogos de realidade virtual, não senti enjoo algum com Beat Saber. Zero. Nada. Não sei se é pela forma como o jogo foi construído, se ganhei tolerância ao VR ou se, pura e simplesmente, estava tão concentrado em destruir todos os blocos que nem me lembrei disso. Se esse é um dos motivos que te deixa de pé atrás no que diz respeito a jogos VR, podes ficar descansado com Beat Saber.

Beat Saber é dos jogos mais divertidos que já joguei na PSVR.

De qualquer das formas, Beat Saber é dos jogos mais divertidos que já joguei na PSVR. Aliás, se fiquei entretanto com músculos mais desenvolvidos nos braços, é inteiramente devido ao jogo. Para quem não gosta muito de se exercitar, esta é sem dúvida uma forma bem interessante de, pelo menos, manter os bíceps e tríceps a trabalhar. Caso tenhas equipamento VR, aconselho-te a experimentar Beat Saber mas deixo também aqui um pequeno aviso: certifica-te MESMO de que tens espaço suficiente para jogares e cuidado com o cabo do capacete do VR. Quem te avisa, teu amigo é.

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