Onimusha: Warlords – Análise – Resident Samurai

Jogar Onimusha: Walords em 2019, 18 anos depois do lançamento original, é um acontecimento deveras sensacional. É uma viagem no tempo em todos os sentidos e um fascinante olhar à transformação que aconteceu nesta indústria.

Onimusha é um dos maiores épicos lançados no início de vida da PS2, que convenceu multidões a comprar a consola. Enquanto grande fã da Capcom e dos seus jogos com personagens 3D em fundos 2D pré-renderizados, Onimusha apresentou-se como um jogo de outra escala perante o que veio antes, um jogo de impressionante ambição.

Imaginado como um Resident Evil na era dos samurais, Onimusha deslumbrou com a qualidade dos cenários, com o estilo de acção e por ramificar a experiência Resident Evil. Uma das maiores provas da ambição da Capcom para este projecto, que jamais esqueci, foi o uso de Takeshi Kaneshiro, famoso actor Japonês, para dar vida a Samanosuke Akechi – o protagonista.

Onimusha destacou-se desde logo pela sua mera premissa: o uso de figuras reais do período Sengoku da história Japonesa, combinando assim realidade e fantasia numa viagem de acção cinematográfica sem igual.

Passados 18 anos, não esperava divertir-me tanto com o jogo e nem foi pela nostalgia, foi por confirmar que o jogo é realmente bom e por demonstrar tão bem o quão diferentes eram os principais valores da indústria na altura.

Esta viagem no tempo é feita através da nova versão apresentada pela Capcom, que actualizou os gráficos e controlos, aprimorou o gameplay, adicionou suporte 16:9 e inclui ainda as vozes Japonesas. No entanto, esta versão deixa-nos divididos pois a companhia fez o trabalho mínimo.

Os cenários pré-renderizados de Onimusha, outrora impressionantes e vistosos, não envelheceram bem e, apesar do incrível aumento na resolução permitir uma imagem limpa e nítida, a qualidade é inconsistente. Os modelos 3D dos personagens foram melhorados, mas são agora altamente básicos, bem como as animações. Onimusha não envelheceu muito bem em termos visuais.

O gameplay é onde existem as mais interessantes melhorias – especialmente nos controlos analógicos e na troca de armas em tempo real. Nas novas versões, a Capcom permite-te trocar entre as três armas, o arco ou pistola, sem aceder a menus (algo que seria revolucionário na altura, mas banal nos dias de hoje). Além disso, Samanosuke deixa de ser um tanque graças aos controlos actualizados e compatíveis com o analógico.

“Um dos mais ambiciosos jogos de acção da PS2 foi recuperado numa versão onde a Capcom fez os esforços mínimos.”

Se quiseres entrar neste castelo feudal e salvar a princesa com os controlos originais, podes fazê-lo na mesma com a ajuda do D-pad, reproduzindo de forma fiel o original, mas os controlos actualizados tornam-no mais natural e agradável.

Onimusha é um jogo sobre combate com espadas, evoluir as três orbs diferentes para aceder a novas salas, voltar a locais visitados anteriormente para descobrir novos segredos. Também é um jogo mais focado nos combates, onde até podes eliminar demónios com um só golpe se pressionares o botão de ataque no momento certo. Existe um segmento horrível onde tens de enfrentar três quebra-cabeças seguidos, estraga o ritmo, mas é uma ocasião exclusiva.

Neste regresso de um clássico que marcou a sua geração, pelo menos para mim, é muito bom verificar que ainda hoje é altamente divertido e consegues ver facilmente a ambição que moveu a Capcom. A presença de figuras como Oda Nobunaga, os bosses, o estilo e combate simples e eficaz, é um dos melhores jogos no catálogo da Capcom, mas que a momento algum esconde ser um filho da sua geração.

Onimusha pode ser terminado em menos de 3 horas (demorei 03:23 na primeira tentativa em Normal) e não existem quaisquer novidades além dos Troféus/Conquistas para te forçar a repetir o jogo. Os mesmos desbloqueáveis do original estão aqui presentes, mas a Capcom não fez qualquer esforço para tentar inserir mais extras. Assim sendo, esta nova versão de Onimusha: Walords torna-se num produto um pouco confuso de encarar.

Seja para as novas audiências descobrirem este clássico tão aclamado ou para os fã de longa data celebrarem a série, agora numa plataforma actual (em formato portátil se optares pela Switch), esta nova versão atesta que permanece um título divertido numa série sem igual. É fácil entender o porquê da sua ambição ter sido admirada e reconhecida. No entanto, a ausência de quaisquer novidades de relevo, além de meras actualizações nos controlos, fragilizam um port quase directo.

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