Yo-Kai Watch 3 – Análise – Livin in merica

Num sinal de longevidade assinalável, ainda que amparada por várias versões que melhoraram as especificações e a experiência original, a Nintendo 3DS, lançada em 2011, chega ao final de 2018 com um parque de consolas instaladas na ordem dos 73 milhões. Um número que não chega para destronar a Nintendo DS como a portátil melhor sucedida da Nintendo, mas um número muito honroso para uma consola que vai recebendo menos jogos. O ciclo de vida da 3DS terminará quando Nintendo anunciar a entrada de um novo modelo, ou a aposta exclusiva na Nintendo Switch. No entanto, a gigante de Quioto já nos habituou a várias surpresas e por isso teremos de aguardar mais algum tempo até conhecermos o pós Nintendo 3DS.

Até lá ainda restam algumas novidades, entre as quais se encontra a mais recente produção da Level-5, sobretudo num trabalho de localização que volta a chegar alguns anos depois da estreia no Japão. Trata-se de Yo-Kai Watch 3, uma série tremendamente popular em terras do Sol Nascente e que por cá é igualmente acompanhada por imensos fãs.

Para isso muito contribuiu a série animada e o merchandising em torno, abrindo as fronteiras a mais um filão da editora que nos deu as aventuras e quebra-cabeças de Professor Layton. Enquanto que os japoneses se preparam para receber o quarto episódio de Yo-Kai Watch, o tal que será lançado na Switch e que receberá uma série de melhorias, por cá teremos de esperar, ainda que Yo-Kai Watch 3 se perfile como um jogo agradável, num agregado de várias histórias e novos desenvolvimentos. Porém, esta ainda é uma experiência que recupera grande parte da estrutura pretérita. O verdadeiro salto cumprir-se-á na Switch e então sim poderemos confirmar as expectativas de um título porventura mais amplo.

1Jibanyan está de volta. No Japão, Usapyon é o companheiro de Haley Anne.

No Japão, Yo-Kai Watch 3 (2016) foi lançado em 3 versões: Sushi, Tempura e Sukiyaki. No nosso país o jogo foi colocado à venda numa única edição mas com as edições e os conteúdos japoneses devidamente localizados. Trata-se de uma decisão não apenas feliz mas necessária. O “delay” entre as edições não ajuda à multiplicação e o factor da quarta edição já pesa. Isso significa que podem começar a jogar a partir de uma de duas histórias: Nate ou Haley Anne. No caso da história do rapaz, a mudança mais sonante é a transição para um novo território, inspirado nos Estados Unidos (no jogo é denominado Merica). Mas o Japão não fica esquecido e por lá estará Haley Anne, a protagonista oriental, com a sua equipa e um novo Yo-Kai (Usapyon).

Tal como aconteceu nas múltiplas versões de Yo-Kai Watch 2, o objectivo passa por encontrarem novos companheiros e recrutarem diferentes Yo-Kai, possibilitando uma variedade de equipas. Ao mesmo tempo, a mudança de território injectou uma diferente personalidade nos Yo-Kai ocidentais, o que resulta numa espécie de “mericanização” de uma composição marcadamente japonesa e muito utilizada nos jogos anteriores, embora a tradução e o esforço de localização mais uma vez estejam bem implementados. Isto resulta mais interessante, com duas narrativas a seguirem caminhos separados para mais adiante se aproximarem.

Todavia, terão que evoluir bastante até lá chegarem. A progressão na história é lenta, com imensos diálogos e extensas fases de adaptação, o que pode ser um pouco angustiante ao longo das primeiras horas. A exploração e aproveitamento de cada rua ou recanto são premiados com novos Yo-kai e lutas, mas dessa forma só irão protelar o avanço. O sistema de combate oferece algumas melhorias, especialmente o “Tactics Metal Board” e o posicionamento das criaturas para uma série de ataques com mais eficácia. De resto, a estrutura é muito similar aos jogos anteriores. Quando entram em combate não interessa só vencer. Cativar os adversários e torná-los membros da equipa é um objectivo. Não é muito difícil saírem vencedores e só por descuido ou desatenção podem perder uma batalha mais feroz.

Em termos visuais Yo-kai Watch 3 prima por um aspecto competente e uma arte em sintonia com os jogos anteriores, do tipo anime, marcada por cores contrastantes e vivas. O número 3 está no título mas é longo o percurso iniciado na portátil 3DS, pelo que se jogaram os anteriores Yo-Kai entram em território conhecido. Algumas passagens são mais demoradas e repetitivas, mas nem por isso deixa de ser uma aventura apetecível caso estejam interessados num jogo de role play marcado por uma enorme acessibilidade. Com as atenções já colocadas em Yo-Kai Watch para a Nintendo Switch, a Level-5 cumpre uma última volta numa já longa história com a 3DS.

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