Monster Hunter Generations Ultimate – Análise – Força G

O ano começou em grande para todos os fãs de Monster Hunter. A Capcom lançou nas consolas PS4 e Xbox One (no mês de Agosto saiu para o PC) o quinto jogo da linha principal da série, depois de dois jogos lançados nas consolas da Nintendo. Com Monster Hunter World a Capcom assegurou um novo nível de profundidade na série, tornando ainda mais épicas, incríveis e elaboradas as batalhas com seres monstruosos, alguns dos mais impressionantes criados pela equipa de produção.

Paralelamente à linha principal, a Capcom mantém um conjunto de “spin off’s”, como forma de dar sequência à série noutras plataformas, recuperando imenso conteúdo dos jogos da linha principal enquanto adiciona elementos especiais, assim como inovações e aproveitamentos das plataformas eleitas. Isso mesmo sucedeu com Monster Hunter Generations, lançado em 2016 para a Nintendo 3DS, na altura tirando partido do c-stick presente na New 3DS, bem como da maior capacidade de processamento da consola.

Monster Hunter Generations apresentou bastantes novidades, entre novos monstros, habilidades, estilos de combate e ataques especiais. Dois anos depois, a Capcom publica a versão Ultimate do mesmo jogo na Nintendo Switch, incluíndo não só o mesmo conteúdo mas adicionando mais monstros, sub espécies e o misterioso Elder Dragon Valstrax. Acrescentando um novo nível de desafio e um sistema de jogabilidade mais amplo, é impossível não desfrutar desta versão Ultimate com um sentido de particular desafio.

Curiosamente, é também um jogo propício a quem nunca tenha jogado qualquer título da série, começando por algo mais próximo da estrutura da série, a não ser que tenham ja jogado Monster Hunter World, um título que se separa abundantemente deste, nalguns termos mais simplificado e acessível, noutros com mais sistemas e uma arquitectura algo diferente. Apesar das diferenças que separam MH World de MH Generations Ultimate, o conteúdo deste é avassalador e ainda que estejamos perante um jogo com elementos entretanto melhor desenvolvidos, continua a proporcionar uma excelente experiência, que acaba por assentar bem no formato Switch, tanto em partidas portáteis, como através do televisor.

1 O modo cooperativo, até 4 jogadores, alivia o peso de alguns confrontos mas não os torna automaticamente mais simples.

Felizmente, é possível recuperar o save guardado na 3DS (usando a opção Data Transfer) e retomar a aventura, caso tenham incontáveis horas de jogo e pretendam dar seguimento à demanda. Por outro lado podem começar do zero, voltar a criar e desenhar o caçador, escolhendo determinado estilo de caça que significa uma forma específica de abordar as criaturas, e por fim, a escolha da Art para o caçador. São muitas, mas a escolha não é definitiva, sendo possível mudar mais adiante.

“Continua a proporcionar uma excelente experiência, que acaba por assentar bem no formato Switch”

Generations Ultimate talvez seja mais “old school” quando comparado com a organização de MH World, um jogo algo simplificado e ágil na sua estrutura apesar de tudo sempre apetrechada de menus. No entanto, os treinos e a acomodação para os utilizadores que só agora, nesta versão Switch, estejam a conhecer a série, promovem uma adaptação razoável.

2 Os territórios apresentam inúmeras surpresas.

Experiências à parte, Generations Hultimate define-se pelo estilo personalizável de combate, assente em quatro estilos aos quais acrescem as Hunter Arts como opções adicionais. Se isto é uma ausência em Monster Hunter World, por outro lado permite mais soluções e uma outra forma de preparação para as batalhas. Incentivando os jogadores, a Capcom implementou mais dois estilos (para um total de seis), acrescentando as opções Valor e Alchemy. A primeira consiste no preenchimento de uma barra, através de ataques consecutivos, que a dada altura possibilita mais movimentos evasivos ou combos, alargando a oportunidade para atacar e defender. Cabe ao jogador escolher.

Através do estilo Alchemy, pensado para ajudar os colegas de campanha, poderão criar um conjunto de ferramentas e valiosos objectos, de apoio ao adversário, enquanto combatem. Essencialmente é uma opção para ajudar os colegas, sendo que no final todos ganham com o monstro capturado. Com catorze armas disponíveis, cada uma com as suas Arts e poderes especiais (super arts), é possível abordar cada luta de forma estratégica e elaborada, o que permite a quem joga definir ou seguir um estilo que mais adequado às suas propriedades ofensivas.

“Generations Hultimate define-se pelo estilo personalizável de combate”

Referir ainda um novo nível de desafio o G Rank, composto pelas missões de número máximo estrelas, as mais difíceis de executar, pensadas sobretudo para os jogadores veteranos. Muitas destas missões soam definitivamente a repetição, mas alargam o desafio pelo grau de dificuldade adicional implementado em monstros como o Astalos e Valstrax, através de novos movimentos e habilidades. A repetição de alguns processos é inevitável, mas há uma sensação de desafio maior.

3 A recolha de materiais é imprescindível.

O objectivo passa uma vez mais por defender os territórios das ameaças protagonizadas pelos Fated Four, aos quais se juntam mais dois, sendo um deles o Elder Dragon. Mas se estes são os seis monstros principais – os mais difíceis -, as áreas exploráveis permitem o encontro com dezenas de criaturas de dentes afiados, dotadas de uma força e habilidades incríveis. A abundância de criaturas (perto de uma centena) abre os recursos e a possibilidade de criar mais armas e introduzir mais variedade de efeitos.

É uma escala impressionante em termos globais, atento o pecúlio deixado pelas criaturas. Tendo em conta que há novas Arts, o processo de instrução permanece como a via de adaptação mais rápida, através de novos quadros de explicação, embora a partir daí a informação não seja mais abundante e mais uma vez tenham que explorar o território sem contar com grandes ajudas ou facilidades.

“A abundância de criaturas (perto de uma centena) abre os recursos e a possibilidade de criar mais armas”

Enquanto que MH World imprimiu um sólido avanço na estrutura da série, em termos de terreno e luta contra alguns dos mais incríveis monstros, tornando o universo de Generations Ultimate um pouco datado e composto por uma estrutura mais primitiva e próxima dos primeiros jogos, o conteúdo desta edição prevalece como um dos pontos mais valiosos. É uma experiência que não deixa de ser enriquecedora para quem nela invista o seu tempo. O jogo tem a 3DS como plataforma de origem e embora esteja optimizado para o formato híbrido da Switch, não é tão surpreendente em termos gráficos.

4 Os estilos de combate representam um dos pontos altos da experiência, ao permitirem acomodar diferentes ataques através dos super e art.

Recuperando o modo portátil (o original Monster Hunter foi publicado na PSP), é possível estabelecer sessões de jogo multiplayer entre várias Nintendo Switch por via lan, ou em alternativa a partir da ligação online da consola. Embora fique aquém das mais recentes soluções encontradas pela Capcom para Monster Hunter World, Generations Ultimate destaca-se pelo seu forte conteúdo e por uma série de elementos relativos à jogabilidade, mais personalizada e dotada de uma série de matizes que ajudam a descobrir ou redescobrir este portentoso mundo a que apetece chamar jurássico, ou classificá-lo simplesmente como uma luta na selva, feroz mas gratificante. Poucos jogos conseguem simular tão fielmente este crucial embate entre humanos e monstros, em parques naturais. Monster Hunter é um jogo de atributos peculiares e Generations Ultimate presta tributo à série.

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