Wolfenstein 2 na Nintendo Switch – Análise

Depois de um primeiro ano em que conseguiu solidificar a sua posição no mercado, em grande parte devido a um esforço da Nintendo para lançar um bom leque de jogos de qualidade para a consola num curto espaço de tempo, a Nintendo Switch entrou há alguns meses em mais uma maratona para continuar a singrar num mercado em que já existem outras consolas estabelecidas. Para muitos, a Nintendo Switch destacou-se pelo factor da portabilidade e a questão “Onde está a versão para a Nintendo Switch?” tornou-se numa constante em praticamente todos os anúncios de videojogos. Apesar do aliciante factor portátil da consola e de já ter criado uma legião de seguidores apaixonada, a realidade é que os ditos jogos third-party AAA continuam a ser uma excepção na consola da Nintendo.

A Bethesda tem sido uma das poucas editoras que tem apostado na conversão dos seus jogos para a Nintendo. Primeiro foi Doom, depois The Elder Scrolls V: Skyrim e eis que agora é a vez de Wolfenstein 2: The New Colossus. A complicada tarefa de transportar Wolfenstein 2: The New Colossus para um hardware menos poderoso como a Nintendo Switch foi entregue ao estúdio Panic Button, o mesmo que já tinha tratado da conversão de Doom. Será que a experiência de um dos melhores jogos de 2017 consegue ser preservada na Nintendo Switch?

Antes de mais, ter um jogo como Wolfenstein 2: The New Colossus a correr na palma da mão é um feito extraordinário, fruto da versatilidade do hardware mas também do próprio motor do jogo, que demonstra nesta versão uma grande elasticidade. Como é regra em qualquer jogo para a Nintendo Switch, existem duas formas de jogar e mediante isso a experiência é diferente. Em formato portátil, com o jogo a correr no ecrã LCD de 6.2 polegadas, é quando Wolfenstein 2: The New Colossus tem melhor aspecto. O pequeno ecrã da consola ajuda a disfarçar um pouco as imperfeições e todos os sacrifícios feitos na qualidade visual para tornar esta versão para a Nintendo Switch possível.

Roda_one_more_time O nível de Nova Iorque pode tornar-se numa confusão visual na Nintendo Switch.

A consistência da experiência não é constante e depende muito dos níveis nos quais estamos inseridos. Em níveis mais simples, com menos quantidade de objectos e geometria simples, esta versão para a Nintendo Switch consegue ser apresentável e razoável. No entanto, se saltarmos para outros níveis mais complexos, como aquele da cidade de Nova Iorque, que está toda desfeita em pedaços, a apresentação é terrível. A geometria complexa deste nível, devido à quantidade de destroços que existem, dificultam a percepção do que está à nossa volta. Por vezes, a falta de nitidez é tanta, também devido a uma redução drástica no draw distance, que parece que estamos a ver mal e precisamos de óculos.

Os próprios analógicos dos Joy-Con tornam a experiência ligeiramente pior, sendo difícil apontar com precisão (vais ter especial dificuldade em acertar nos drones), mesmo depois de termos ajustado a sensibilidade nas definições. Apesar disto tudo, é Wolfenstein 2: The New Colossus em formato portátil e o jogo inteiro, com todas as suas mecânicas, cinemáticas e momentos marcantes, estão presentes na versão para a Nintendo Switch. É um feito técnico que merece respeito, mas também somos relembrados constantemente, enquanto jogamos, de todos os sacrifícios que foram feitos para colocar um jogo como este a correr na Nintendo Switch. Há muito menos detalhe, o aliasing salta à vista, as personagens perderam expressividade na cara… no geral, como seria de esperar, é um downgrade acentuado em relação às outras versões.

“ter um jogo como Wolfenstein 2: The New Colossus a correr na palma da mão é um feito extraordinário”

Enquanto no modo portátil a experiência é aceitável para aquilo que é, uma conversão de um jogo de grande produção concebido para hardware mais capaz, no modo televisão não podemos dizer o mesmo. Num ecrã maior todos os compromissos da versão para a Nintendo Switch são perfeitamente visíveis, com uma falta clara de nitidez na imagem causada pelas texturas fracas e pela falta de resolução. Mas o pior é mesmo a instabilidade de framerate. Situações com muita acção e que requerem genica por parte do jogador denunciam um framerate que não consegue acompanhar, algo que no modo portátil é mais estável. De facto, a experiência no modo televisão não é agradável, com a Nintendo Switch a engasgar-se para tentar acompanhar o ritmo de 30 FPS (nota: as outras versões para PC, PS4 e Xbox One correm a 60 FPS).

IMG_20180628_130311 Os cenários menos complexos e exigentes, como o interior do submarino, têm melhor apresentação nesta versão.

Agora, se esta versão para a Nintendo Switch vale a pena ou não, a resposta depende muito da forma que vais jogar. Se o teu plano é jogar a maioria do tempo em frente à televisão, estás melhor servido com qualquer uma das outras versões. O jogo ganha outra vida e impacto devido à qualidade superior dos gráficos e poderás jogar a 60 fotogramas por segundo, o ideal para um jogo deste ritmo. Se, por outro lado, passas a maioria do tempo a jogar fora de casa,a versão para a Nintendo Switch tem a seu favor a portabilidade, que mais nenhuma das outras tem (a única versão que chega perto disto é para PC, mas precisas de um portátil). Existem compromissos, disfarçados ligeiramente pelo pequeno ecrã da consola, e os joy-con não são amigáveis para um jogo deste género, mas são coisas que, apesar de diminuírem a experiência, não a arruínam.

Para mais informações sobre Wolfenstein 2: The New Colossus, lê a nossa análise original, publicada em Novembro de 2017.

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