BlazBlue Cross Tag Battle – Análise – Destinos Cruzados

Depois de impressionar o mundo com Dragon Ball FighterZ, a Arc System Works está de volta para mostrar uma vez mais o porquê de ser reconhecida como uma das melhores criadores de fighting games. Conhecida pelas séries Guilty Gear e BlazBlue, a Arc System Works é uma companhia irreverente e excêntrica, que a momento algum pensa em descartar as suas origens Japonesas. Pelo contrário, aposta a dobrar nas suas raízes e o resultado são títulos que podem surpreender por diversas razões: fighting games de estética anome, com um gameplay incrivelmente frenético, acessíveis e bandas sonoras marcadas por guitarras que cospem electricidade.

Depois dos combates 3 vs 3 de Dragon Ball FighterZ e dos confrontos 1 vs 1 de BlazBlue, a Arc System Works aposta agora em confrontos 2 vs 2 na forma de BlazBlue: Cross Tag Battle. O nome já diz tudo: um fighting game inserido na série BlazBlue, com combates tag onde quatro universos se cruzam para momentos totalmente inesperados. Cross Tag Battle é isso mesmo, mais uma amostra explosiva do ADN da Arc System Works.

Neste cruzamento de universos, encontrarás várias das mais conhecidas personagens de BlazBlue que são transportadas para um local desconhecido. Ali vão-se cruzar com personagens de Persona 4: Arena, Under Night In-Birth e RWBY, outras propriedades intelectuais. Neste cruzamento de destinos, BlazBlue: Cross Tag Battle mantém a essência de todos os personagens dos universos convidados – desde a sua personalidade, relacção entre si e historial. Isto é descoberto através do Episode Mode, um dos modos principais de BlazBlue: Cross Tag Battle e bem ao estilo que a companhia nos habituou.

Este Episode Mode é uma espécie de novela visual, com quatro perspectivas diferentes do mesmo evento, uma para cada universo. Cada uma destas histórias está dividida em dez capítulos e no caso do Episódio BlazBlue, terás de o jogar diversas vezes, escolhendo diferentes opções em alguns diálogos para obter diferentes finais. O Episode Mode é relativamente curto, mas para alcançar o final verdadeiro, terás mesmo de repetir o Episode BlazBlue. Os diálogos são divertidos e o choque entre personagens de diferentes universos resulta em momentos muito cómicos e que valem bem a pena.

“Cross Tag Battle é uma electrizante explosão de combos altamente acessível”

Pelo meio dos diálogos e em outros modos, poderás controlar essas personagens em duelos de 2 vs 2, como já referido, onde podes criar duplas com os lutadores destes quatro universos. Se jogaste a beta de BlazBlue: Cross Tag Battle ou qualquer outro título 2D da Arc, sabes que é um brilhante e estonteante luta. A sério, o gameplay em BlazBlue: Cross Tag Battle é tão feroz e dinâmico que os combates podem terminar com uma velocidade inacreditável. Este é um fighter anime e isso significa que além dos visuais, também terás movimentos absolutamente loucos e de arregalar os olhos.

Uma das filosofias da Arc System Works para este BlazBlue: Cross Tag Battle foi apostar num gameplay altamente acessível, que permite despoletar combos de arregalar os olhos com incrível facilidade. Isto é talvez o elemento que poderá dividir a comunidade adepta deste género, BlazBlue: Cross Tag Battle consegue ser fantástico, mas também poderá tornar-se demasiado simples para alguns. É um equilíbrio sensível, mas a Arc optou por este gameplay imediato e descomplicado. Isto significa que facilmente trocas de personagens, combinas golpes e executas movimentos especiais.

BlazBlue: Cross Tag Battle deixa-te desportar combos automáticos e a grande maioria dos combos são executados de forma muito simples. No entanto, a Arc equilibrou a experiência o suficiente para introduzir profundidade e impedir que se torne num “mash fest”. O ritmo é incrível, as personagens movimentam-se com incrível fluidez e poderás facilmente cair na tentação de pressionar desenfreadamente os botões. O gameplay é acessível o suficiente para permitir resultados com essa postura, mas perante um jogador mais habituado, tal não será premiado.

BlazBlue: Cross Tag Battle consegue introduzir diversas camadas no seu gameplay, através dos diferentes personagens com vários estilos de combate. Se os combos são fáceis de executar, combinar tag combos ou coordernar os movimentos no melhor timing para prolongar as combinações poderá tornar-se numa arte. Apenas ao alcance de alguns. A facilidade do gameplay também pode ser encarada de outra forma – consegues resultados de forma rápida e fácil, mas o teu adversário também. Isto poderá apresentar uma inesperada camada pois não queres cometer o erro do teu jogo instintivo abrir as tuas defesas para combos devastadores.

Tudo isto para dizer que apesar da Arc System Works cumprir em pleno com o seu propósito: apresentar um fighter anime totalmente electrizante e feroz, promovido pela seu sistema de combate incrivelmente acessível e gratificante para qualquer tipo de jogador, existe aqui profundidade suficiente e um gameplay capaz de permitir combates verdadeiramente sensacionais. Foi esse equilíbrio que mais me espantou e deixou totalmente rendido ao talento da Arc em BlazBlue: Cross Tag Battle.

Sobre o modo online, onde a grande maioria dos jogadores vai passar muito tempo, BlazBlue: Cross Tag Battle apresenta-te o sistema de lobbies visto na série Guilty Gear, aquele espaço 3D que percorres com o teu avatar. Os combates que disputei decorreram de forma satisfatória e apenas ocasionalmente tive problemas.

Antes de terminar, existem dois aspectos que merecem ser mencionados. O primeiro é a qualidade gráfica. Se na banda sonora a Arc consegue músicas vindas de outros jogos e garante de imediato uma grande qualidade, nos visuais BlazBlue: Cross Tag Battle já varia. Dependendo do universo ao qual as personagens pertencem, a sua qualidade poderá variar e alguns surgem com um tom mais pixelizado do que outras. É algo que não deveria acontecer.

O segundo aspecto a mencionar é a política apresentada pela Arc para a distribuição de personagens base e DLC. Se acompanhas o jogo, sabes que isto deu que falar e apesar de 20 personagens estarem a camino como DLC (alguns deles gratuitamente), os 20 personagens que tens aqui representam um leque satisfatório. O preço reduzido tenta compensar esta escolha, mas não deixarás de sentir que alguns dos teus personagens favoritos ficaram como DLC.

BlazBlue: Cross Tag Battle conquistou-me pela sua simplicidade e pela gratificação imediata, equilibrada com as ferramentas necessárias para um gameplay de maior profundidade. Eléctrico e frenético bem ao estilo da Arc System Works, é mais uma aposta muito sólida que ramifica as ofertas da companhia neste género. Se tal como eu vibraste com Guilty Gear Xrd nesta geração, acompanhaste a série BlazBlue e adoras Dragon Ball FighterZ, BlazBlue: Cross Tag Battle é mais um anime fighter de grande qualidade.

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