Scribblenauts Showdown – Análise

Scribblenauts Shodown é o primeiro jogo que não é produzido pelo estúdio 5th Cell. Depois de uma vaga de despedimentos e cortes que conduziram à redução do estúdio – e o cancelamento de Scribblenauts: Fighting Worlds quase em simultâneo -, a nova produção ficou a cargo do Shiver Entertainment. Não sei que efeitos terá esta mudança para o futuro, se o 5th Cell eventualmente reorganizado planeia uma produção para a actual geração de sistemas na senda dos originais ou simplesmente se retira em definitivo da série que originalmente criou.

A impressão que estas mudanças operam, e ficam bem patentes neste jogo, é a sensação de potencial algo diluído e de uma mudança na estrutura de molde a encontrar mais audiência. Os primeiros Scribblenauts primaram pela inovação e facilidade em torno dos puzzles. Em brincadeiras com palavras, aproveitando o bem sucedido ecrã táctil da Nintendo DS para tornar o jogo não só mais fluído como cómodo. A combinação resultou em pleno e depressa muitos jogadores se deixaram seduzir por esta inventiva e surpreendente proposta. Mas à semelhança de outras franquias bem sucedidas, a tendência para espremer ao máximo o conteúdo acaba por arrancar facilmente limites e estreitar as malhas do sucesso.

Scribblenauts Shodown é agora uma experiência predominantemente multiplayer, até quatro jogadores, na qual os jogadores competem numa compilação de mini-jogos (até 25). O ponto de partida é a criação de objectos, num momento prévio ao desafio, que dará a cada um uma vantagem. Nesta mudança perderam relevância os puzzles, relegados quase para um papel secundário, enquanto que dantes constituíam grande parte do desafio e do interesse em nos dedicarmos dentro dos vários contextos específicos e humorísticos criados, nos quais tínhamos que encontrar a palavra certa para gerar o objecto necessário com que os haveríamos de resolver.

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Podem sempre jogar contra o computador.

Scribblenauts Shodown é composto por três grandes modos: versus, showdown e sandbox. O primeiro, que funciona para dois jogadores, inclui o “wordy-type” e o “speedy-type”, jogos que oferecem diferentes desafios. Os jogos da primeira opção oferecem mais alguma criatividade do ponto de vista do fabrico dos objectos necessários. Por exemplo, para preencherem um espaço terão que obter determinadas peças e quanto maiores estas forem mais depressa concluem o desafio. Já a vertente “speedy-type” diferencia-se não pela criatividade mas pelos reflexos rápidos na manobra e condução de alguns objectos.

Poder-se-ia pensar que o grau de profundidade emergente nestas situações daria mais algum interesse na criação dos objectos, mas não é bem isso que acontece, com a obtenção dos mesmos resultados usando ferramentas diferentes. Além disso, há muitos mini jogos simplificados, demasiado acessíveis ou pouco estimulantes, quer do ponto de vista criativo, quer ao nível da execução. Por outro lado, os comandos nem sempre são os melhores, com recurso ao analógico para escreverem as palavras, o que torna o processo um pouco mais lento.

Passando ao modo Showdown, o que temos é uma aproximação ao género Mario Party, no qual até quatro jogadores lançam cartas de modo a progredir num sistema por tabuleiro. Cada carta é composta por um mini jogo. Basicamente é o mesmo modo Versus, mas agora adaptado ao multiplayer. O jogador que vencer o desafio avança o número de casas indicado na carta, enquanto que os restantes ou avançam menos casas ou simplesmente marcam passo.

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O sistema de controlos é menos conveniente que o original na DS mas depressa nos acomodámos às funcionalidades dos botões.

O modo sandbox é o que mais se aproxima das edições pretéritas. Não só oferece oito diferentes níveis para explorar como expande as opções ao nível dos mapas e do multiplayer, permitindo que mais jogadores possam entrar e partilhar o mesmo nível. A dificuldade nesta opção resulta de alguma falta de informação e detalhes sobre os objectivos que nos são propostos. No meio de tanta actividade, conjugada com a presença de outros jogadores, facilmente nos perdemos nos níveis, o que torna a progressão não só demorada como é quase imperativo abrir o menu a fim de perceber em que posição estamos.

A interacção com outros jogadores visa uma espécie de cooperação na resolução dos puzzles. Duas cabeças ou três pensam melhor que uma. Claro que podemos sempre recomeçar quando acontece algum bloqueio significativo mas isso não invalida que um outro jogador possa encontrar a solução mais depressa usando diferentes itens ou coisas. Ao resolverem os puzzles ganham unidades chamadas “starites”, podendo convertê-las em roupas adicionais, personagens e novas palavras (infelizmente o dicionário não é assim tão grande).

Apesar das ligações às anteriores experiências, é evidente o quão diferente é esta edição Showdown. Sobretudo é um jogo com ênfase no confronto para dois jogadores e para o multiplayer dentro do modo sandbox, a opção mais forte do conjunto mas nem por isso muito alargado. Ao fim de algum tempo ficam a conhecer os limites e nem sequer terão muitas horas de jogo. A escassez de conteúdo é visível e ao contrário dos primeiros jogos que eram compostos por imensos mundos e níveis, aqui há uma divisão entre mini-jogos e níveis mais tradicionais que não é acompanhada por uma grande extensão. Podem encontrar alguma diversão, mas não é o típico Scribblenauts a que estavam habituados.

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