The Elder Scrolls V: Skyrim (Nintendo Switch) – Análise

É inegável o esforço da Bethesda em criar mundos densos, vastos e marcantes, da mesma forma que é claro o seu sucesso nessa meta. Na anterior geração de consolas isso ficou bem evidente quando cheguei ao final de The Elder Scrolls IV: Oblivion. Pareceu-me, então (em 2009 joguei na versão Xbox 360) um mundo bem maior que o de Morrowind, com imensas possibilidades de exploração e deveras convincente. Quando dois anos depois acontece o lançamento de Skyrim, o quinto jogo da série, todas as fronteiras se expandem a níveis colossais, num registo que de certa maneira fora atingido com a revitalização de Fallout 3 (2008) mas que encontrava uma riqueza de fantasia medieval quase incomparável ao mundo de Oblivion.

Skyrim depressa se tornou numa experiência inesquecível, não só pela dimensão do mundo apresentado e fornecido ao jogador, mas pela facilidade em nos surpreender mesmo nos pequenos detalhes. Lançado em 2011 para o PC, Xbox 360 e PS3, tornou-se depressa num dos jogos de role play de maior sucesso, colocando bem alta a fasquia. Recentemente, The Legend of Zelda: Breath of the Wild desafiou e superou a dimensão de Skyrim, o que diz bem sobre a magnitude de um jogo que celebra por esta ocasião 6 anos. E ainda continua a fascinar, dado que o ano passado foram lançadas edições remasterizadas (PS4 e Xbox One), incluindo todos os DLC, com direito a melhorias gráficas e a utilização das modificações (infelizmente não estão presentes nesta versão Switch).

Recentemente, a Bethesda programou uma versão do mesmo jogo compatível com o sistema PlayStation VR e agora chega-nos esta versão para a Nintendo Switch, que aqui analisamos. Por um lado é impossível escapar a esta dualidade. Se é óptimo e fascinante ver correr Skyrim em formato portátil, também não deixa de ser verdade que estamos perante um jogo com seis anos, um “port” que é muito mais próximo das versões originais PS3 e Xbox 360 do que as recentes remasterizações. Todavia, não deixa de correr no ecrã da Switch o jogo fascinante que ainda é.

1 São evidentes algumas concessões em termos gráficos, mas de um modo geral o desempenho é muito aceitável, com destaque para o formato portátil. Equivale a meter o Rossio na Betesga.

Skyrim é daqueles jogos de uma geração cujos efeitos se fazem sentir ainda bem para lá do seu lançamento, mesmo sendo perceptível a passagem do tempo, pelo menos em termos gráficos. Enquanto que as versões remasterizadas receberam um trabalho suplementar a fim de aproximar o grafismo original do actual padrão, já as originais acusam sinais de erosão, impossíveis de remover nesta versão Switch. Mas é também por isso que, apesar de algumas concessões, Skyrim cabe melhor na Switch uma vez que a lista de sacrifícios é menor, sendo um caso bem diferente do que acontece com Doom.

Outra novidade em Skyrim, nesta versão para a Switch, é a adição dos comandos comandos por movimentos. Convém esclarecer que é uma opção e por isso não estão de forma alguma obrigados a jogar com os Joy-con’s nas mãos todo o tempo, abanando-os como se tivessem uma espada e um escudo na mão ou um arco com uma flecha pronta para disparar. Podem jogar no formato tradicional ou alterar para os comandos por movimentos a qualquer altura.

Achei por conveniente, quando tinha a consola ligada à “dock”, experimentar os comandos por movimentos. É a melhor solução, embora o possam fazer, da mesma forma, pousando o ecrã da consola sobre uma superfície estável, mas com tantas coisas a acontecerem ao mesmo tempo, a perspectiva geral facultada por um televisor torna a experiência mais cómoda. As reacções aos nossos golpes são satisfatórias e a execução é relativamente simples, ainda que seja necessário algum tempo até se sentirem confortáveis. Admito que a opção seja mais compatível com a estrutura do jogo, por não cansar tanto. Skyrim é um jogo no qual investimos muito tempo, não só a lutar mas a explorar e interagir com outros npc’s, o que é óptimo para descansar depois de momentos mais extenuantes. Apesar desta implementação, não me parece que seja por aqui que esta versão conquiste novos jogadores, já que são frequentes alguns erros e por vezes a tradução dos nossos movimentos não é a melhor.

2 Haverá loot especial se juntarem personagens Amiibo. Estes conteúdos podem ser desbloqueados diariamente. No caso do equipamento existem vantagens.

No que respeita ao tratamento gráfico, como dissemos já, são visíveis alguns compromissos, embora não seja tão notória a queda em termos de resolução como aconteceu com Doom. Estacionada na “dock”, o jogo corre numa resolução de 900p, de forma fluida e próxima dos 30 fotogramas. Nos momentos de combate, onde é maior a concentração de objectos, personagens e coisas em movimento poucas vezes nos apercebemos de quebras de frame rate. Apesar de uma diminuição das texturas, de um modo geral o aspecto é bastante convincente, com resultados satisfatórios.

Passando para o formato portátil, a resolução desce para 720p, embora se mantenha fluida, dentro dos 30 fotogramas. Sendo perceptíveis algumas concessões, não deixa de ser interessante e convincente ter um jogo desta natureza a correr fora de um ecrã de televisão, para mais num sistema ultra compacto e portátil como é a Switch. A questão da bateria é uma das primeiras coisas que atravessa a nossa mente e de facto já sabem, a avaliar por outras experiências, que o consumo será rápido, sobretudo se puxarem pela luminosidade ao jogar num espaço com imensa luz solar.

Assegurada a compatibilidade com as figuras Amiibo, a Bethesda disponibiliza algumas soluções, em forma de indumentárias e outros bens. Por exemplo, se usarem a Amiibo de Link terão acesso à túnica que é apresentada em Breath of the Wild, a Master Sword e o escudo. Em alternativa e dependendo da sorte podem ganhar uma arca repleta de arcos e flechas. Estes conteúdos são óptimos para quem está a começar, sobretudo no que respeita às armas que superam facilmente o equipamento facultado numa primeira fase.

3 O sistema de comandos por movimentos nem sempre é eficaz, pelo que nos combates mais violentos a melhor opção é o esquema tradicional.

A Bethesda desenvolveu esta versão facultando os conteúdos e expansões adicionais, nomeadamente Dawnguard, Hearthfire e Dragonborn, que faziam parte da edição lendária de 2013 para a PS3 e mais tarde retomadas nas remasterizações do ano passado. Tudo isto contribui para um conteúdo riquíssimo, com matéria para superar facilmente as 100 horas de jogo. Aliás, sobre o conteúdo do jogo e que tipo de aventura vos espera, basta lerem a nossa análise publicada por ocasião do original para ficarem com uma noção precisa deste imenso e fascinante Skyrim. Detecta-se, de resto a ausência dos mods incluídos nas versões rematerizadas de 2016. Por outro lado, parece-nos que o preço solicitado ultrapassa um pouco aquilo que seria desejável para um jogo, que para todos os efeitos, conta com seis anos. Praticar um valor inferior em 10 ou 20 euros face ao praticado no lançamento seria uma forma de ir mais de encontro às pretensões dos consumidores.

Não obstante, estamos perante aquele que pode ser considerado até à data como uma das melhores conversões “third party” na consola híbrida da Nintendo. Apesar de baseada nas remasterizações da PS4 e Xbox One, são notórias algumas concessões. Mas num jogo que celebra por esta ocasião seis anos de idade, essas nuances não são tão vincadas, especialmente se compararmos esta edição às originais, bem mais próximas. Tendo em conta a riqueza e dimensão do jogo, é interessante jogar Skyrim em formato portátil. A experiência é bastante satisfatória e fluida, o mesmo sucedendo no grande ecrã, quando a consola se encontra ligada à dock, embora nesse caso o factor diferenciador face às versões originais seja menor. Provavelmente e até à data o melhor “port” da Bethesda para a Switch, mas seria interessante que depois desta vaga a editora pudesse arriscar em novos conteúdos, exclusivos e desenvolvidos de raiz para a consola da Nintendo.

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